8 de julho de 2007

Crato.


Crato é um município brasileiro do estado do Ceará.

Localiza-se no Cariri cearense, conhecido por muitos como o "Oásis do Sertão", no extremo sul do Estado do Ceará, fronteira com o estado de Pernambuco.

Dispõe de um entroncamento rodoviário que a interliga ao Piauí, Pernambuco e à capital, Fortaleza.

Situa-se na posição 7º14'03"S e 39º24'34"O, tendo como limites: ao Norte o município de Farias Brito, Leste os Municípios de Caririaçu, Juazeiro do Norte e Barbalha, ao Oeste os municípios de Nova Olinda e Santana do Cariri e ao Sul os municípios de Exu e Moreilândia no Estado de Pernambuco.

História

A povoação do Crato elevou-se à categoria de vila em 16 de dezembro de 1762, tendo sido instalada em 21 de junho de 1764 como Vila Real do Crato, no século XVIII, constituindo um dos mais importantes núcleos de povoamento na época colonial no interior do Nordeste. Ao longo de sua história, já recebeu as denominações de Missão do Miranda (aldeamento religioso tendo a frente o frei italiano Carlos Maria de Ferrara), Missão dos Cariris Novos, Aldeia do Brejo Grande e Vila Real do Crato, última denominação esta em homenagem ao município português de mesmo nome, segundo a mais aceita toponímia. Foi tornada cidade pela Lei Provincial nº628, de 17 de outubro de 1853.

Início: a missão capuchinha

A primeira manifestação de apoio eclesial aconteceu em terras doadas pelo Capitão-Mór Domingos Álvares de Matos e sua mulher, D. Maria Ferreira da Silva. Essa doação localizava-se, inicialmente, em terras encravadas a dois quilômetros a Sudeste da povoação, transferindo-se, em data posterior, para a margem direita do rio Granjeiro. Os trabalhos da primitiva Igreja, dedicada a Nossa Senhora da Penha de França, tiveram início em 1745, tendo como responsável, o Frei Carlos Maria de Ferrara e seu companhei

ro Frei Fidélis de Sigmaringa.

A edificação desse primitivo templo revela o atraso de sua época, considerando sua estrutura com as paredes de taipa, piso de barro batido e coberta de palhas, tendo ainda os caibros e ripas trançados de cipós. A permanência desses religiosos, no que se

chamou de Missão do Miranda, estendeu-se por espaço de dez anos.

A freguesia criou-se por provisão de março do ano de 1762 e inaugurou-se a 4 de janeiro de 1768, tendo como seu primeiro vigário o padre Manuel Teixeira de Morais. Com o desgaste do tempo, a estrutura física entra em deterioração, situação que levou o padre Antônio Lopes de Macedo Júnior, pároco da Freguesia de Nossa Senhora da Penha, a endereçar requerimento à

Junta do Real Erário, solicitando fundos necessários à construção da capela-mor ou igreja matriz. Atendido o seu pedido, iniciaram-se os trabalhos cuja conclusão data de 1817, constando os atos inaugurais de 3 de maio do mesmo ano.

Século XIX: influências de Pernambuco

Na primeira metade do século XIX

, já habitavam na vila do Crato famílias abastadas que enviavam seus filhos para estudar em Recife, capital da província de Pernambuco. Foi por lá que muitos entraram em contato com as idéias de independência do Brasil e com o anseio da adoção do regime republicano no país. Assim, José Martiniano de Alencar, subdiácono e estudante do Seminário de Olinda, deflagrou o movimento no conservador Vale do Cariri, a ter o Crato como palco principal. Repercutindo os ideais da Revolução Pernambucana de 1817, num gesto audaz, Martiniano proclama a independência do Brasil no púlpito da Matriz da cidade em 3 de maio de 1817. A reação é rápida: Leandro Bezerra Monteiro, o mais importante proprietário rural do Cariri, imbuído de arraigadas convicções católicas e monarquistas, pôs fim ao sonho do jovem José Martiniano de Alencar. Os revolucionários foram presos e enviados para as masmorras de Fortaleza e posteriormente para as de Salvador, na Bahia. Entre os prisioneiros estavam Tristão Gonçalves de Alencar Araripe e Dona Bárbara de Alencar, irmão e mãe de José Martiniano. Recebem a anistia pela autoridade real posteriormente.

Em 1824 eclode em Pernambuco outro movimento político que viria a repercutir no

Crato: A Confederação do Equador. Tristão Gonçalves de Alencar Araripe mais uma vez, com entusiasmo e idealismo, adere ao movimento e é ac

lamado pelos rebeldes Presidente da Província do Ceará. Em 31 de outubro de 1825 morre em combate com forças contrárias ao movimento. Após tais acontecimentos, em Crato, assim como no Cariri, muitos se dividem entre monarquistas e republicanos. Entre os primeiros estava Joaquim Pinto Madeira, chefe político da Vila de Jardim e Capitão de Ordença que prendera os revolucionários, entre eles Tristão Gonçalves. Com a renúncia de D. Pedro I, inimigos do monarquista aproveitam para se vingar e Pinto Madeira em sua defesa arma dois mil jagunços com a ajuda do vigário de Jardim, padre Antônio Manuel de Sousa. Invadem o Crato em 1832 para derrotar os inimigos políticos. Apesar de vitoriosos no começo, Pinto Madeira e Antônio Manuel sofrem reveses e, finalmente presos, são enviados ao Recife e Maranhão. Retorna ao Crato em 1834 e é condenado a forca, sentença posteriormente comutada para fuzilamento, em face do réu ter alegado sua patente militar de Coronel. Tanto Tristão Gonçalves quanto Pint

o Madeira dão nome a rua e bairro, respectivamente, em Crato nos dias de hoje.

Criação da diocese e mudanças

No início do século XX dividiu com o recém município de Juazeiro do Norte a liderança

política do vale do Cariri. Joaseiro, como era conhecido, não passava de um distrito da cidade de Crato e seu processo de autonomia política (encabeçado por, entre outros, Padre Cí

cero Romão Batista) muito viria para contribuir no futuro hiato entre as duas cidades. Sobre isto é muito relevante lembrar a criação da Diocese de Crato, em 20 de outubro de 1914, pelo papa Bento XV através da Bula “Catholicae Ecclesiae”, anos depois que o Milagre da Hóstia (que, segundo relatos, sangrou na boca da beata Maria de Araújo) não fora reconhecido pela Igreja Católica.

A Igreja Católica foi responsável pelo progresso material e social de Crato, pois aí fundou o Seminário menor de São José (primeiro do Interior cearense), a pioneira cooperativa de crédito (Banco do Cariri), escolas, hospitais e a Faculdade de Filosofia de Crato, embrião da atual Universidade Regional do Cariri fundada no ano de 1986.

O município mantém um padrão de vida significa

tivo se comparado com algumas cidades não muito distantes da região do Cariri. Seu último e atual bispo, o ítalo-brasileiro Dom Fernando Panico (pronuncia-se PanÍco), deu início ao Processo de Reabilitação do Padre Cícero, abrindo, assim, uma possibilidade para que o sacerdote seja oficialmente beatificado e, futuramente, canonizado pela Igreja Católica.

Características

Constitui-se numa cidade com expressiva importância regional. Destaca-se na tradicional função de comercialização de produtos rurais, provenientes do desenvolvimento da agricultura no

sopé dos vales irrigados da região do Cariri. Nesta área, destaca-se a famosa Expocrato, feira agropecuária que inclui também shows com bandas e cantores famosos e atrai milhares de visitantes à cidade todo mês de julho. A cidade também comercializa produtos industriais (alumínio, calçados, cerâmica, aguardente) para os demais centros urbanos do Ceará.

Tem parcela significativa da população dedicada à prestação de serviços. É no Crato que está sediada a Universidade Regional do Cariri, importante instituição presente no município. A cidade se situa

ao sopé da Chapada do Araripe e, por isso, ao contrário de outras áreas do Nordeste, suas temperaturas são relativamente baixas no inverno, embora elevadas no verão. Expressiva parte da Floresta Nacional do Araripe(a primeira Reserva Florestal criada no país) encontra-se em território cratense.

Seu IDH-M (de 0,718) é considerado o quinto mais alto do interior cearense e a cidade é relativamente calma. Porém, além de disparidades sociais, o Crato enfrenta problemas de ordem ambiental, em decorrência da ocupação desordenada nos bairros mais altos da cidade, notadamente no Parque Grangeiro onde se verifica uma explosão imobiliária ao longo do leito do rio Grangeiro, que atravessa o centro da cidade (região mais baixa). Tal ocupação ocasionou o assoreamento e a destruição da mata ciliar do rio, o que veio a causar, nos últimos anos, violentas inundações durante a quadra inv

ernosa (muito intensa em Crato nos meses de janeiro à março).

A cidade conta com 5 agências bancárias e, conforme o IBGE, o P.I.B. de Crato era de 287.134 milhões de reais em 2003. Teve uma queda em relação ao PIB anterior(2002) de 301.022 milhões, apesar de o comércio, maior empregador da cidade, ter crescido(porém, ao divulgar esses dados aqui, o autor do artigo não viu em detalhes a metodologia utilizada pelo IBGE). Sua área rural compreende os seguintes distritos: Dom Quintino, Ponta da Serra (o maior), Santa Fé, Monte Alverne (onde está o açude Thomas Osterne de Alencar, maior reservatório público da cidade com 28.787.000 de metros cúbicos), Campo Alegre, Bela Vista, Belmonte, Santa Rosa (bem na divisa com Juazeiro e Barbalha) e Baixio das Palmeiras. A pluviosidade no município é de 1090,9 mm anuais com temperaturas que variam, conforme a época do ano e local, de 15º a 24º.

A cidade é rica culturalmente e tem na banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto sua principal expressão de cultura popular; porém exist

em outros grupos folclóricos. Há vários pontos turísticos, como o prédio da antiga estação ferroviária (um dos principais cartões postais da cidade), o Seminário São José, Igreja da Sé e seu entorno, o museu histórico com peças dos primeiros habitantes (os índios cariús), museu de fósseis (edificação mais antiga de Crato em cujo interior encontra-se fósseis de animais que viveram na região na pré-história) além das atrações naturais, tais como a Floresta Nacional do Araripe com suas fontes naturais e cachoeiras.

Bairros

  • Alto da Penha
  • Barro Branco
  • Centro
  • Franca Alencar (loteamento)
  • Gizélia Pinheiro (Batateira)
  • Granjeiro
  • Independência (asa)
  • Lameiro
  • Mirandão
  • Mutirão
  • Muriti
  • Novo Crato (conjunto)
  • Novo Horizonte
  • Ossian Araripe
  • Pantanal
  • Pimenta
  • Pinto Madeira
  • Santa Luzia (conjunto)
  • São José
  • São Miguel
  • Seminário
  • Sossego
  • Vila Alta
  • Vila Lobo

Arquitetura histórica

  • Igreja da Sé (Matriz de Nossa Senhora da Penha - uma das mais antigas edificações da cidade)
  • Palácio Episcopal (sede da Diocese do Crato)
  • Casa de Câmara e Cadeia (Museu Histórico e Museu Vicente Leite)
  • Gruta de Lourdes (datada de 1938, Col. Santa Teresa - Projeto de Agostinho Baumes Odísio)
  • Colégio Santa Teresa
  • Capela do Colégio Santa Teresa
  • Palácio Episcopal (Palácio do Bispo)
  • Banco Caixeiral
  • Crato Tênis Clube (Projeto do Arquiteto "Mainha" - José de Barros Maia)
  • Fundação Padre Ibiapina (atual reitoria da URCA)
  • Abrigo de Idosos
  • Escola Técnica de Comércio
  • Mercado Público Municipal da rua Monsenhor Esmeraldo
  • Igreja de São Francisco
  • Igreja de São Vicente
  • Casa onde Nasceu Vicente Leite no sítio Recreio
  • Colégio Sagrada Família (atual Hospital Manuel de Abreu)
  • Hospital São Francisco de Assis
  • Praça Francisco Sá (antiga praça três de maio)
  • Casa de Caridade (fundada no século XIX pelo Pe. Ibiapina)
  • Colégio Diocesano do Crato
  • Crato Hotel
  • Grande Hotel (Edifício Figueira Telles - prestes a ser demolido - um dos primeiros hoteis modernos do Crato)
  • Correios e Telégrafos
  • Casa do Padre Lauro Pita
  • Edifício Lucetti - o Primeiro edifício de apartamentos do Crato
  • Fundição - Rua Ratisbona
  • Edifício da Câmara Municipal - Onde funcionou a primeira biblioteca pública do Crato
  • Cemitério Público Municipal - Capela (do século XIX)
  • Parque de Exposições
  • Complexo de edifícios da Rádio Educadora
  • Coluna da hora encimada por Cristo Redentor - projeto do Escultor Italiano Agostinho Baumes Odísio
  • Estação Ferroviária (datada de 1926)
  • Seminário São José
  • Museu de Fósseis (Casa do Júri - Local onde foi julgado Pinto Madeira)
  • Sobrado do coronel Antônio Luís (uma das casas mais antigas do Crato ainda preservada)
  • Cassino Sul Americano
  • Bar Ideal (o primeiro clube social do Crato inaugurado em 1916 - a fachada foi recentemente destituída de seu elementos decorativos)
  • Praça da Sé

obs.: Existem também, resquícios de fachadas, casas térreas, sobrados - todos localizados no centro Histórico da cidade - que ainda resistem a ações de "modernização". Porém, infelizmente, desprotegidos por Lei de tombamento.

O centro hístórico do Crato é limitado a sul pela Praça da Sé; a norte pela Praça Juarez Távora; a leste pela rua Tristão Gonçalves e a oeste pela rua Pedro II.

IN: pt.wikipedia.org/wiki/Crato_(Cear%C3%A1)


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